Av. Paulista, 24 de fevereiro de 2009
Sim. Não é por inspirção o que escrevo agora. Talvez esteja ainda organizando o que estaRÁ sendo organizado. O que escrevo agora está longe de um desabafo - o que à primeira vista tende a parecer.
Antes de te escrever eu inalo o perfume da cereja, preencho minhas veias do amargo do café e me perfume do mais doce do amendoim.
Estou descobrindo surtos de inspiração a partir da dor, da saudade e da solidão.
Espera.
Voltei.
Não posso culpar o céu nublado, entrecortado de luzes, que tentam romper e invadir o concreto molhado desta avenida. Eu mesmo sou estes raios e não me acho. Não chove mais agora.
Confesso que descubro a morte frequentemente desde o dia que rompi meu lugar ao mar. Lembrei dos amigos, família e dos últimos (re)re-encontros. Um formigamento na barriga irradiou até meus olhos e fez com que brotasse uma sutil lágrima do olho esquerdo. Morro. Hoje é um dia morto. Perdão. Preciso retomar e finalizar.
Finalizar aqui. Até este instante-já.
Talvez o que era mesmo para ser escrito aqui era este momeno pré, este final que precede o ato. E acho que pode ser isso. Espero - sim. NÃO! Não é exatamente isso que sinto. Dói esta solidão, dói esta falta. FALTA! Falta! Está faltando! E o que estou falando é de coisa que é puro sentir.
Descobri: estou morto e estou no pré.
"Socorro alguma alma mesmo que penada me empreste as suas penas".
Parece que os raios neste instante-já querem devanear pelo ar.